História do Serviço de Dermatologia da FMVZ-USP contada por um de seus principais personagens
Texto elaborado pelo prof. Dr. Carlos Eduardo Larsson, alicerçado em ‘História e Estórias da Dermatologia Veterinária Brasileira” apresentada nos congressos brasileiros de dermatologia veterinária, implantados pela ABDV/SBDV
Professor Carlos Eduardo Larsson
Sala do atual Serviço de Dermatologia
Neste mês de abril, comemora-se o quadragésimo aniversário de criação do Serviço de Dermatologia Veterinário do Departamento de Clínica Médica (VCM) da centenária FMVZ-USP, oferecido desde então ao Hospital Veterinário da USP.
O Serviço de Dermatologia da FMVZ-USP foi o primeiro voltado à especialidade, criado em hospital veterinário- escola nas Américas Central e do Sul. Foi implantado após se comprovar sua viabilidade perante os Conselhos Departamental (do VCM) e Hospitalar (do Hospital Veterinário (Hovet-USP), pelo atendimento no decorrer de um ano, de 364 casos dermatopáticos de todos os espécimens animais, sendo 194 novos e 170 retornos. Realizados pela bolsista recém-formada médica-veterinária Márcia de Almeida Gonçalves e pelo então professor assistente, doutor MS3, médico-veterinário Carlos Eduardo Larsson.
O êxito no atendimento gradativamente foi atraindo acadêmicos do 3° ao 5° anos para estágios de meses de férias e, principalmente, clientes proprietários de padecentes dermatopatas.
No período 1984 a 2023, atendeu-se cerca de 141 mil casos, sempre com a participação, apenas no período matutino, dos médicos-veterinários contratados, além da Márcia, Ana Luiza B. Penteado, Cibele R. Nahas Mazzei, Ronaldo Lucas, Mary O. Ikeda , Simoni Maruyama, Gustavo S. Dias e, já há 13 anos, Carlos Eduardo Larsson Junior.
Afora esta magnitude de casos, o Serviço de Dermatologia, em síntese, implantou e gerou treinamento de médicos-veterinários, médicos-veterinários residentes; médicos-veterinários inscritos nas cinco edições do Curso de Especialização em Dermatologia Veterinária da USP (CEDV/USP) realizadas de 2004 a 2015; centenas de estagiários brasileiros, italianos, argentinos, chilenos, uruguaios, portugueses e colombianos. Implantou o também pioneiro CEDV que foi, e tem sido tentativamente copiado, assim como, os cursos de pós-graduação lato sensu em dermatologia.
O alunado preveio de médicos-veterinários brasileiros de onze unidades federativas como Amazonas , Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso , Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
As cinco edições do CEDV, congregaram em seu corpo docente afora médicos- veterinários, profissionais médicos (dermatologistas, otologistas, dermatopatologistas, psiquiatras), titulados (MSc, DSc, LD) na proporção de 70% de uspianos e 30% de outras universidades brasileiras como Unesp-FMVZ, FCAV-Unesp, FMVA-Unesp, PUC-PR, UFRGS, EPM/Unifesp, UAM, Unimeto, UNG, UNIFMU, Unisa, FESB) e estrangeiras como Universidad de Buenos Aires, Universitat Autónoma de Barcelona, Universidad Valencia. A carga horária média girava entre 200 aulas práticas orientadas, desenvolvidas ao longo de dois meses consecutivos (120 a 150 casos /aluno) e 293 a 330 horas de aulas teóricas.
O resultado das avaliações qualitativas do CEDV pelo alunado era de 73% de “ótimo” e 27% de “bom”. As notas outorgadas ao longo dos nove módulos do curso giravam entre 9 e 10(73%) e 7 e 8(23%). A nota mínima por módulo, para os verdadeiros cursos de especialização, segundo o estabelecido pelo MEC era sete, assim como a média final propiciadora do certificado pela USP.
Todas as cinco edições foram homologadas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV) enquanto perdurou a liberação de ministração de eventos deste naipe na USP, bloqueada no final do decênio de 2020, por ação impetrada pela Associação do Professores da USP (Adusp) e derrubada a posteriore pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
*também, no mês de abril, mas no ano de 1993, implantou-se pelo Serviço a primeira das “Tertúlias Dermatológicas Veterinárias” (TDV), com o tema “Farmacodermias em animais”
As TDVs, perduram em 25 edições, até o ano de 2000, implantadas pelo SD-VCM/HOVET da FMVZ/USP, pelas Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (SPMV) e( Anclivepa-SP), convidadas graciosamente pelo coordenador das TDVs.
Nestas 25 TDVs, congregam-se cerca de 2.625 médicos-veterinários e alunos com média de 105(58-150) participantes/eventos;
*em1990, lançou-se a primeira das três edições do primeiro vade mecum dermatológico veterinária, elaborada pelo professor Larsson reunindo dezenas de fórmulas oficinais clássicas e testadas na rotina clínica do Serviço de Dermatologia-FMVZ/USP, sob auspícios de afamada, à época, a farmácia de manipulação paulistana;
Ainda , na década de 1990, mais precisamente em 1991, Cid Figueiredo e Carlos Eduardo Larsson, dois uspianos, com a colaboração, a posteriore, da docente da UFRRJ, Regina Helena R. Ramadinha, iniciaram o esboço de uma “Academia Brasileira de Dermatologia Veterinária”, sonho este concretizado em 16 de março de 2000, com a fundação da então renomeada SBDV, com a aprovação de seu primeiro estatuto, eleição e posse dos direitos, da primeira gestão (2000-2003), perante a presença de seu primeiro sócio honorário da SBDV o professor Dr. Luís Ferrer Caubet, em sua primeira vinda à América do Sul, do representado presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), do presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-SP), dos presidentes da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (SPMV) e Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo (Anclivepa-SP) e de docentes da Universidad de Buenos Aires.
A criação da SBDV é citada na sexta edição do SCOTT, GRIFFIN e Miller “Mulher & Kirk’s Small Animal Dermatology”, de 2001 – Capítulo 22 “Chronology of Veterinary Dermatology-1990/2000”.
O material iconográfico colhido na rotina do Serviço de Dermatologia, ao longo de 33 anos, prestou -se, em parte, para ilustrar as duas edições do “Tratado de Medicina Externa” publicado pela editora Interbook, em 2015 e 2020, composto por mais de 1.000 fotos e páginas, perfazendo 5.000 exemplares, hoje praticamente esgotados;
Até 2006, o Serviço de Dermatologia constituiu-se em um “verdadeiro laboratório” propiciando a elaboração de cerca de 30 dissertações e teses(doutorado e docência livre) de pós-graduandos paulistas, catarinense, carioca, mineiro, mato-grossense.